Você já parou pra pensar como as mudanças climáticas podem afetar seu emprego?
Pois é, as mudanças climáticas estão não só causando tragédias – elas também estão mexendo com o mercado de trabalho.
Situações como empresas completamente paradas por conta de enchentes, ou ondas de calor que deixam todo mundo, tanto no sentido figurado, como literalmente, sem energia pra trabalhar, infelizmente são cada vez mais comuns.
Por outro lado, essa situação também está abrindo portas para novas tecnologias e tipos de trabalho, fazendo as empresas repensarem como cuidam do planeta e dos seus funcionários.
Vamos dar uma olhada mais de perto nesse assunto e entendermos como uma coisa se conecta à outra.
Antes de mais nada: o que são essas tais mudanças climáticas?
As mudanças climáticas referem-se a alterações significativas e duradouras nos padrões climáticos globais ou regionais, que podem ocorrer ao longo de grandes períodos. Essas mudanças podem ser causadas por fatores naturais, como erupções vulcânicas, variações solares e ciclos naturais da Terra, mas, atualmente, são amplamente atribuídas às atividades humanas, especialmente a emissão de gases de efeito estufa (como dióxido de carbono e metano) devido à queima de combustíveis fósseis, desmatamento e práticas agrícolas.
As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios globais da atualidade, exigindo ações coordenadas para mitigar seus efeitos e se adaptar às novas realidades climáticas.
O resultado? Mais desastres naturais, temperaturas malucas e um monte de dor de cabeça pra todo mundo – inclusive pro mundo dos negócios.
Como as mudanças climáticas afetam o mercado de trabalho?
Infelizmente, não foi preciso ir muito longe para vermos e sentirmos os impactos das mudanças climáticas, já que isso aconteceu bem aqui no nosso quintal. As recentes enchentes no Rio Grande do Sul são um exemplo assustador. Além da tragédia humana, com pessoas perdendo suas vidas, casas e pertences, a economia toda do estado está sofrendo. Na fase mais aguda da tragédia, o estado praticamente parou, seja porque as ruas estavam alagadas, impossibilitando deslocamentos, seja porque as pessoas estavam ocupadas tentando reconstruir suas vidas ou ajudando quem mais foi impactado.
Segundo levantamento do SEBRAE, cerca de 30% do PIB nacional vem das micro e pequenas empresas. Com a tragédia ocasionada pelas mudanças climáticas, muitas destas empresas, base da economia de vários municípios atingidos, fecharam suas portas, deixando muita gente sem renda, tendo agora que viver do auxílio governamental ou de doações.
E não foram só os pequenos negócios que foram impactados. O Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, está fechado há meses, com previsão de reabertura só para o final de outubro de 2024. Segundo dados da Fraport, empresa que administra o aeroporto, as perdas chegam a R$ 1,5 milhão por dia de fechamento. Imagina o impacto disso no mercado de trabalho local e nas empresas que fazem parte do ecossistema do transporte aéreo.
A situação global é tão preocupante, que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) fez as contas e chegou a um número assustador: até 2030, podemos perder cerca de 2% das horas de trabalho no mundo todo só por causa do calor extremo. Isso equivale a cerca de 80 milhões de empregos perdidos em tempo integral!
Novas demandas, novos empregos (e uma reflexão necessária)
Com toda essa confusão climática, estão surgindo novas oportunidades de trabalho. O mercado de energia renovável, é um exemplo. Empregos em energia solar, eólica e gestão de resíduos estão surgindo cada vez mais.
É ótimo ter soluções para os problemas ambientais, mas não podemos ignorar que muitos desses novos empregos e soluções só existem porque a gente mesmo bagunçou o planeta. Talvez tivesse sido melhor nem ter criado o problema, não é mesmo?
Ainda assim, já que estamos nessa situação, é importante reconhecer que as empresas estão correndo atrás de gente que entende de práticas sustentáveis. Os chamados especialistas em ESG (sigla em inglês pra Ambiental, Social e Governança) estão em alta!
Um estudo mostrado na CNN Brasil informou que 90% dos trabalhadores brasileiros estão preocupados com os impactos das mudanças climáticas no trabalho. Muita gente espera que as empresas façam alguma coisa a respeito, adotando práticas mais sustentáveis e contribuindo para reverter esta situação.
Tecnologia e estratégias para se adaptar às mudanças climáticas
Muitas empresas estão usando tecnologias e estratégias pra minimizar os impactos e manter tudo funcionando. Tem gente usando tecnologias de previsão climática para se preparar melhor, enquanto outras intensificam o trabalho remoto e flexível, contribuindo para gerar menos poluição, em especial nas grandes cidades.
Há também empresas usando plataformas de gestão de crises que permitem comunicação em tempo real entre equipes. Assim, é possível reagir rapidamente quando um desastre natural acontece. Fora isso, algumas empresas estão investindo em energia limpa e infraestrutura sustentável para reduzir a pegada de carbono e diminuir os impactos causados por suas atividades.
É preciso cuidar das pessoas
As mudanças climáticas não estão só afetando a economia e o meio ambiente. Elas também estão mexendo com o bem-estar dos trabalhadores e deixando muita gente doente: ansiedade e estresse estão “em alta”.
Uma pesquisa recente mostrou que mais de 40% dos trabalhadores brasileiros sentem ansiedade por causa das condições climáticas. E olha só que loucura: 49% falaram que suas empresas não oferecem segurança adequada em caso de desastres naturais.
Isso significa que as empresas precisam acordar e fazer mais pra proteger seus colaboradores. Isso pode incluir desde programas de apoio emocional, horários mais flexíveis e até uma ajudinha financeira em casos de emergência.
Oportunidades verdes
Apesar dos desafios, as mudanças climáticas também estão trazendo oportunidades pra quem está disposto a inovar e se adaptar. O foco em ESG está criando uma chance de reformular o mercado de trabalho, com práticas sustentáveis. Isso sim deveria ser o novo normal.
As empresas que adotarem estas práticas não só estarão alinhadas com o que a sociedade espera, mas também estarão mais preparadas para lidar com futuras regras e normas ambientais. Além disso, quem se comprometer com a agenda ESG terá mais facilidade para atrair investimentos e talentos.
O futuro do trabalho num mundo em mudança
As mudanças climáticas vieram pra ficar, e o mercado de trabalho já está sentindo o impacto. De novas demandas e oportunidades, até a necessidade urgente de proteger o bem-estar dos trabalhadores, a sociedade e as empresas estão tendo que se reinventar como nunca.
Adotar práticas sustentáveis e focar em ESG são passos fundamentais para garantir que as empresas não só sobrevivam, mas cresçam nesse futuro impactado pelas mudanças climáticas.
É papel dos governos e também das lideranças corporativas prepararem suas organizações para esse futuro, criando ambientes de trabalho que promovam segurança, inovação e sustentabilidade. Num mundo onde os desastres climáticos podem acontecer a qualquer momento, ser resistente e adaptável se torna uma vantagem competitiva.
Precisamos encontrar novas maneiras de produzir, trabalhar e consumir que não coloquem tanta pressão sobre nosso planeta e consecutivamente em nossas vidas, já que tudo está mais conectado do que nunca.